Conhecidas também por comunidades humanas sustentáveis, as eco-aldeias deram os primeiros passos, em Portugal, há dez anos. Trata-se de colocar
grupos de pessoas em coabitação no meio natural, em modos de vida sustentáveis, sem danos para nenhuma das partes. A Rede Portuguesa de Eco-aldeias trabalha este modelo, há 10 anos, contando com alguns casos de sucesso.
O formato das eco-aldeias e eco-comunidades passa por diferentes modos de viver em comunidade. Pode estar assente na produção local de alimentos biológicos, nas energias renováveis, no design de permacultura (um método holístico que visa criar e manter sistemas em sociedade ambientalmente sustentáveis, socialmente justos e financeiramente viáveis), na construção ecológica, ou em funções de apoio social e familiar. Em termos genéricos, trata-se de respeitar os sistemas naturais e a necessidade de não tirar da terra mais do que aquilo que ela nos pode dar.
O responsável, Paulo Santos, conta que a iniciativa Rede Portuguesa de Eco-Aldeias (RPE) nasceu no início da década passada, pela mão de alguns
portugueses, através do apoio da Global Ecovillage Network (GEN) ou Rede Global de Eco-aldeias, organismo que representa e apoia as eco-aldeias e eco-comunidades que existem por todo o mundo.
Normalmente uma comunidade deste género tem entre 30 a1000 membros, inseridos numa «estrutura social coesa». Contudo, em Portugal só existe uma eco-aldeia oficial, a Tamera, situada em Odemira (Alentejo). Esta eco-aldeia foi fundada em 1990 por alemães sendo que, dependendo da época do ano, vivem mais de 100 pessoas no local, podendo chegar a 200 ou 300 no Verão.

«Tamera foi e é um projecto inovador e muito importante para Portugal, porque veio trazer uma outra dimensão, conhecimento e experiência
para o país, sendo que está a realizar pesquisas avançadas na área das energias alternativas, muito especialmente a solar, e na criação de lagos
sustentáveis para melhorar as paisagens e a biodiversidade locais, tanto a nível de flora como fauna», afiança Paulo Santos.
Apesar de Tamera ser a única eco-aldeia em Portugal, precisamente devido à sua grande dimensão, existem planos em marcha para criar mais eco-aldeias, por exemplo, na eco-comunidade Quinta Cabeça do Mato (Tábua, perto de Santa Comba Dão) e na eco-comunidade Vale de Lama (em Lagos, Algarve). Numa outra dimensão, há eco-aldeias muito maiores, espalhadas pelo Mundo, onde habitam alguns milhares de pessoas, «e que são um exemplo da sustentabilidade ambiental, social e económica», como na Escócia, em Itália e na Índia.
Apesar de não haver números oficiais, a RPE estima que nos últimos quatro anos cresceu o número de projectos deste género, sendo que existem 20 a 30 eco-comunidades no nosso país.
«A maior parte das eco-comunidades que já existiam há mais de 10 anos foram fundadas por estrangeiros (especialmente da Alemanha, Inglaterra, França e Holanda) que vieram residir para Portugal com o intuito de construir um projecto de eco-comunidade», recorda Paulo Santos.
Os motivos principais pelos quais estes estrangeiros escolhem o nosso país devem-se essencialmente ao facto de Portugal ser um país com muito sol, o custo de vida ser mais baixo e/ou os preços dos terrenos mais baratos em comparação com o resto da Europa.
Contudo, desde 2005 «que se notou uma inversão da tendência e são cada vez mais os portugueses que fundam e/ou que estão mais envolvidos neste género de projectos. A RPE tem sido um dos projectos pioneiros para ajudar a criar esta nova realidade».
Podem ler esta reportagem na íntegra em http://www.cafeportugal.net/pages/iniciativa_artigo.aspx?id=4381
Por Isabel Ambrósio