Consumo Sustentável – O que é?
Em 1995, as Nações Unidas definiram-no como a utilização de produtos e serviços que respondam às necessidades básicas e contribuam para uma melhor qualidade de vida, minimizando o consumo de recursos naturais e materiais tóxicos, assim como as emissões e poluentes ao longo do ciclo de vida, de modo a não comprometer as necessidades das gerações futuras. Esta definição ainda muito centrada só nas questões ecológicas viria a ganhar nova expressão com o surgimento do conceito da triple bottom line criado por Elkington, em que é defendida a teoria de que é necessário expandir o modelo de negócios tradicional para um novo modelo que passa a considerar o equilíbrio entre três variáveis até então pouco compatíveis: económica, ambiental e social, estando na génese dos célebres 3 Ps: People (Pessoas), Planet (Planeta) e Profit (lucro).
Mudança de Paradigma…
Assistimos presentemente a uma mudança de paradigma, em que o consumo materialista e hedonista é questionado. No modelo actual o consumo é encarado como algo benéfico, pois promove o culto da ascensão material, do sucesso e dos ideais de conforto e segurança. Segundo Lebow “a nossa economia, altamente produtiva, requer que transformemos o consumo numa forma de vida…que procuremos a nossa satisfação espiritual e a satisfação do nosso ego no consumo…precisamos que se consumam coisas, que se gostem, substituam, descartem a um ritmo cada vez mais rápido”. Porém, chegámos ao momento em que a expansão da economia global segundo este modelo é posto em causa pelas contradições existentes entre os imperativos económicos e ecológicos.
É neste contexto que foram enunciados alguns dos principais desafios que o consumo sustentável tem pela frente, pois apesar do tema fazer parte da agenda política e económica, a adopção de produtos mais amigos do ambiente está muito aquém do esperado.
Desafios Principais
Relativamente à compra de produtos mais amigos do ambiente, alguns dos obstáculos prendem-se com o preço, pois muitos destes produtos ainda não têm economias de escala que permitam um preço acessível e geralmente são mais caros que os seus homólogos convencionais. Outra das barreiras prende-se com a falta de informação sobre os atributos destes produtos ou até em muitos casos de informação contraditória, sendo que o consumidor alega sentir-se confuso no momento da compra. Para além do preço e da informação, questões como o próprio desempenho do produto comparado com os convencionais existentes ou até o difícil acesso aos mesmos, pois muitas vezes não estão disponíveis em todos os pontos de venda são também alguns dos obstáculos identificados.
A adopção do consumo sustentável requer…
Concluindo, para que o consumo sustentável seja efectivo é necessário promover as condições para que a prática se possa desenvolver e encontrar mecanismos para motivar o consumidor a repensar o seu comportamento, o que envolve a dinâmica do dia-a-dia. Segundo Elizabeth Shove, a regulação ainda é necessária, pois é preciso responsabilidade social, cultural e a contribuição dos grupos sociais, sendo necessário cruzarem-se modelos em vez de visões radicalistas para que seja possível existir alternativa.
Alan Warde destaca também papel que os hábitos têm na alteração de comportamentos, pois a existência de rotinas em que existe automatismo e falta de consciência na tomada de decisões, dificulta a alteração do comportamento de compra.
Que 2012 seja um ano de reflexão sobre os moldes actuais da sociedade do consumo e que sejam feitos esforços no sentido de caminharmos para um modelo mais sustentável!
Por Carolina Afonso