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Jan 12

Pegando na deixa da Rita, continuemos pela cozinha e, ao hambúrguer, complemente-se com a bebida visto que, por Portugal bom vinho se faz.

Sendo assim, como se enquadra a sustentabilidade num copo? Por um lado é importante considerar os pesticidas e herbicidas derivados do petróleo e que são aplicados nas uvas e, tal como noutras culturas, priva a vida de florescer no solo bem como dificulta a retenção de nutrientes. A somar a isto, há ainda a erosão do solo, a inexistência de rotatividade nas culturas que torna o solo infértil, o transporte do vinho de um lado para outro do planeta e os barris que são feitos com madeira derivada do carvalho.

 

Somando tudo isto, a The Association of Wine Economists estima que, no global, a pegada carbónica vinícola se situe nos 5.3 milhões de toneladas de CO2 (como comparação, metade da frota de aviões regionais dos EUA, emitiram cerca de 8 milhões de toneladas carbónicas em 2010 (1))

 

"A pegada ecológica da Greenbottle é 10% das garrafas tradicionais"

 

No entanto, há formas de reduzir o impacto carbónico desta bebida, por exemplo no Reino Unido foi anunciada a garrafa de papel (Greenbottle) cuja pegada carbónica é 10% das garrafas tradicionais (2), sendo assim, é biodegradável e mais leve – num mundo onde se consomem 20 mil milhões de garrafas anualmente (3), o peso da garrafa, acaba por ter um impacto considerável no transporte das mesmas. Por fim, mesmo a pequena rolha pode ter um grande impacto: as rolhas de plástico e de alumínio, tem uma pegada carbónica 10 e 26 vezes, respetivamente, superior às rolhas de cortiça (4)

 

Quem diria que o vinho poderá ser ainda mais verde do que o verde que se vê na garrafa?

 

Daniel Souza

 

Baseado no artigo

Wine: how green is your glass?, The Ecologist, 21 December 2011, disponível em http://www.theecologist.org/green_green_living/food_and_drink/1171258/wine_how_green_is_your_glass.html

 

Referências

(1)   http://www.greenaironline.com/news.php?viewStory=841

(2)   http://www.dailymail.co.uk/news/article-2061183/Raise-glass-environmentally-friendly-paper-wine-bottle.html

(3)   (4) http://en.wikipedia.org/wiki/Cork_(material)

 

 

Créditos da imagem

Tom Ba from Flickr

 

 

 

 

 

 

 

 

publicado por greentalks às 01:01

Daniel,

Tenho sempre muitas duvidas nestas análise comparativas de embalagens, porque consoante a entidade proponente do estuda assim o resultado também varia. Não duvido que o estudo especifico que referes tenha dado os resultados apontados, mas é importante conhecer muito bem o âmbito, os limites e as exclusões da analise feita, para conseguir analisar verdadeiramente os resultados, e mais importante ainda é não generalizar, pois o resultado para o Reino Unido seguramente será diferente do de um estudo realizado em Portugal, mesmo com o mesmo âmbito, limites e exclusões.

No entanto é verdade que qualquer produto, tem associado impactos.

Pensar em produção vinícola sem casco de carvalho, sem garrafa de vidro e sem rolha de cortiça, do meu ponto de vista não será o caminho, mas pensar em meios produção com protecção integrada, ou biológica adequadas às condições edafoclimáticas unicas e correcta utilização dos meios será mais um factor diferenciador na qualidade vinícola que já temos hoje, pois não deveremos ser produtores de vinho em escala, como a grande maioria dos paises produtores por esse mundo fora, mas continuar a garantir a diversidade de castas e de regiões vinícolas tão característica do nosso país.

Susana Ângelo
greentalks a 10 de Janeiro de 2012 às 10:31

Susana,
Todos os estudos tem as suas limitações e bastante interessante é que as suas limitações muitas vezes não são adequadamente consideradas embora possam ter um impacto bastante grande nos resultados.
Por exemplo estudos sobre as despesas de Natal feitas pelos Portugueses extrapoladas de uma amostra de cerca de 800 pessoas, feita por uma organização privada ou então estudos científicos acontecem também surrealidades do género: por exemplo os resultados de estudos científicos sobre alimentos OGM só podem ser publicados em revistas científicas após aprovação da organização que proporcionou as sementes e, mesmo nas aulas muitas vezes ouve-se o autor concluiu isto, mas não se ouve falar nas limitações do seu trabalho.

Desconheço as especificidades das consequências da produção vínicola sem casco de carvalho, sem garrafa de vidro, sem rolha de cortiça (embora eu tenha referido que a rolha de cortiça é a que tem menor pegada carbónica) mas agrada-me a ideia de pensar de forma diferente, já havia alguém que dizia... não dá para inovar no produto... inovamos na embalagem!

Daniel Souza
Daniel Souza a 11 de Janeiro de 2012 às 01:07

Olá Daniel

Como eu te disse tinha que comentar este post ou não tivesse sido criada numa aldeia em plena Região Demarcada do Vinho do Porto.

Relativamente às monoculturas e mobilização dos solos isso depende muito do local onde é feita. Qualquer mobilização do solo (se o declive for muito acentuado) tem que ser feita segundo as curvas de nível, ou seja, em terraços. Neste caso se ocorrerem enxurradas não existe uma tão grande erosão do solo.
Relativamente ao uso de químicos no solo que não "priva a vida de florescer no solo bem como dificulta a retenção de nutrientes" permite-me discordar. Se isso assim fosse só era necessário fazer a aplicação uma vez e tinha-mos o assunto resolvido. Não será bem assim até porque muitos agricultores têm pequenos tractores em que para fazerem a remoção das "ervas daninhas", que crescem todos os anos e várias espécies, fazem uma gradagem que mobiliza o solo, arejando-o e ao mesmo tempo arranca as infestantes.
Para além do mais existe a vinha não é uma cultura que ocupe a área total da propriedade podendo existir outras formas de vida entre as videiras.

Agora um assunto que muito me diz... barris de madeira de carvalho. O verdadeiro vinho com aquele sabor característico tem que ser “maduro” em barris de madeira de carvalho. Porquê? Porque o sabor característico é dado pelos taninos que existem em maior quantidade na madeira de carvalho. Cortar carvalhos centenários para fazer barris para o vinho, não estou de acordo, mas plantar carvalhos com esse objectivo porque não? Também não se plantam pinheiros para fazer móveis?
Relativamente a essa garrafa será que consegue manter as características do vinho? Já temos as embalagens tetrapack, que para os apreciadores de vinho “é o Demo em forma de embalagem” e será que alguma marca que optasse por essa garrafa ia continuar a ter os seus fiéis clientes?
Não consigo imaginar um Barca Velha que não seja em garrafa de vidro, vindo de um belo barril de Quercus faginea e com uma rolha de cortiça certificada FSC. De outra forma o vinho não ia ser o mesmo… :)


Vera Santos
Vera a 13 de Janeiro de 2012 às 22:14

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