Olá!
Partindo do post da Liliana sobre os detergentes, a quem agradeço desde já, como consumidora :) e colega, aproveito para acrescentar um comentário.
Para verdadeiramente conseguirmos comparar os produtos, temos de comparar também os seus desempenhos. Porque, na verdade, se um detergente nos obriga a usar anti-nódoas, amaciador ou a repetir algumas lavagens para as nódoas mais difíceis, podemos ter - se pensarmos em termos de ciclo de vida - um desempenho pior do que o que teríamos com os produtos seus concorrentes.
Não deveríamos, na verdade, medir o desempenho dos detergentes em termos de quantidade consumida por kg de roupa lavada? Em que, naturalmente, essa informação fosse obtida através de processos devidamente certificados que assegurassem iguais características da água (por ex em termos de dureza), da roupa/nódoas, da máquina e do programa de lavagem seleccionado, já para não falar da quantidade de roupa? E depois disso, comparar os impactes associados à produção dos detergentes convencionais versus os detergentes concentrados? Acho que o desafio é mesmo esse. Pensar em toda a cadeia dos produtos…
Ora, parece-me que falta, a este nível, uma Entidade Central que viabilize este tipo de análises e "certifique" a comunicação das Empresas... Que muitas vezes limitam-se a dizer o que lhes interessa, sem mentirem, mas induzindo em erro os consumidores... Por fim, é importante "educar" as pessoas para que ganhem uma consciência ambiental provida de sentido crítico...
Com efeito, quando queremos comparar produtos, uma das primeiras decisões a tomar é aquilo a que nos Estudos de Avaliação de Ciclo de Vida chamamos Unidade Funcional. O que vamos comparar? Por exemplo, nos combustíveis: importa que comparemos o preço por litro ou o preço por km percorrido …? Mas, o que nos interessa o preço por litro se um litro do combustível A faz 10 km e do combustível B 15 km? Ou se o combustível A causa danos a médio prazo no veículo?
Na verdade, esta questão não é mais do que um excelente exemplo da importância das métricas na avaliação dos produtos. Como responsável de Comunicação e Reporting de Ambiente de uma grande Empresa, deparo-me muitas vezes com a dificuldade em traduzir em números alguns factos.
Em linha com este desabafo, aproveito para partilhar convosco um interessante artigo, esperando que não o julguem contra-producente, mas como um convite a sermos todos mais críticos:
Por Margarida Boavida Ferreira